Produtividade combina com Felicidade?
O que Produtividade tem a ver com Felicidade? Normalmente pensamos em Produtividade como um assunto profissional, ligado ao trabalho e a empresas, enquanto Felicidade é algo pessoal. Não costumamos pensar em produtividade na família, em casa, no namoro ou casamento, não é mesmo? Por outro lado, existe muita resistência em falar de Felicidade nas empresas e organizações.
Essa foi a razão pela qual Tim Sanders relutou em adotar o título “O amor é a melhor estratégia“, para um de seus livros, que acabou se tornando um dos melhores livros sobre gestão que conheço.
Mas, se existe algo em comum, o que vem em primeiro lugar: Produtividade ou Felicidade?
Produtividade, Trabalho e Prazer
Se alguém entender que Produtividade é tão somente algo ligado ao trabalho, técnico, e que diz respeito apenas à utilização de recursos para a produção de um produto ou serviço, terá dificuldade em encontrar alguma relação entre Produtividade e Felicidade.
Afinal de contas, quando entendemos a origem da palavra “Trabalho”, tão bem relembrada por Cortella, quando registra que trabalho vem de “tripalium“, instrumento utilizado na antiguidade para punir alguém por algum ato errado. Por isso associamos trabalho a algo negativo, indesejado, e portanto, ruim.
Por isso, quando você escutar alguém reclamando de “excesso de trabalho“, entenda que aquela pessoa enxerga trabalho como algo ruim, punitivo, estressante, e, assim, dê um desconto, pois ela não gosta do que faz.
Há, porém, uma outra forma de enxergar o trabalho de cada um. É quando encaramos o que fazemos profissionalmente como algo que nos realiza, e realiza as pessoas. O trabalho, visto assim como algo útil, tende a ser algo que realiza a nós que o executamos, e àqueles que são afetados por nosso trabalho, nossos clientes, usuários ou consumidores.
Se recorrermos à Física, veremos que “trabalho (normalmente representado por W, do inglês work, ou pela letra grega) é uma medida da energia transferida pela aplicação de uma força ao longo de um deslocamento”. E o que é energia, senão força, utilidade, poder?
Portanto, trabalho pode ser visto como o resultado de algo que fazemos, e que é útil para alguém, seja quem for. Isso deve levar claramente ao sentimento de que, quando realizamos um trabalho, estamos, sempre, servindo a alguém.
A boa notícia é que aqueles que descobrem isso, e colocam em prática, sentem duplo prazer: o prazer de servir aos outros, e o prazer de ser servido como consequência do primeiro.
Produtividade e Empregabilidade
A ideia para este artigo me ocorreu durante um evento, em que fui convidado a Moderar os debates durante uma Mesa Redonda.
O título da Palestra, que motivaria os debates foi “Empregabilidade e Produtividade: Relação de Conquista entre Empresa e Profissional”, proferida, de forma rica e agradável, pelo Empresário Arnaud Marcolino.
Em meu processo de preparação para o evento, comecei a refletir sobre Empregabilidade, que me levou a algumas questões:
- Quem conquista quem? Como?
- A Empresa conquista o profissional?
- Ou o Profissional conquista a Empresa?
Isso me levou a uma constatação, mais tarde reforçada durante os debates: poucas vezes algum profissional adota uma empresa para si. Isso mesmo! Se você parar para pensar, vai encontrar poucos profissionais que escolheram uma empresa onde trabalhar. Na maior parte das vezes, as pessoas procuram um emprego em função do tipo de cargo ou função a ocupar.
Reflita comigo: quantas vezes você, ao procurar trabalho em alguma empresa ou organização, baseou sua escolha em determinada empresa ou organização? E você conhece alguém que o fez, ou faz, isso com frequência?
Muitas vezes procuramos oferta de emprego para Engenheiro ou Psicólogo, Vendedor disso ou daquilo, Auxiliar Administrativo, Médico ou Professor, Gerente ou Diretor, e somos atraídos pelas qualificações exigidas para o cargo muito mais do que pela organização onde vamos trabalhar.
No caso de quem vai ser funcionário público, não importa onde, desde que pague um bom salário e que garanta a estabilidade, não é mesmo?
Veja, não existe problema algum em escolher um local para trabalhar, e garantir seu sustento, em nome da estabilidade, MAS, caso você não se sinta feliz com o seu trabalho, não reclame disso depois, afinal, você priorizou a estabilidade.
Mas vamos lá, voltemos à discussão sobre produtividade e empregabilidade.
Em muitas situações, a empregabilidade está garantida, independente da produtividade. Porém, no mundo em que as coisas funcionam na base da receita x despesa – e o ambiente dos negócios é assim, quanto maior for a distância entre suas receitas e as despesas, tanto melhor: receita maior que despesa garante sobrevivência e prosperidade. Isso é produtividade!
Assim, você será mais produtivo quanto mais consiga produzir algo útil para clientes e sociedade, com o uso de menos recursos.
- Se um médico atende mais clientes (pacientes) que seu colega de profissão, no mesmo período de tempo, terá sido mais produtivo;
- O professor que consegue cumprir o programa do curso, com os alunos assimilando o conhecimento, em menos aulas é mais produtivo que outros professores;
- A manicure que executa o seu serviço, deixando o cliente feliz e sorridente, em menor tempo que uma outra, é mais produtiva;
- Um vigilante que consegue cobrir uma área maior que um outro, será mais produtivo;
- Um dentista pode ser mais produtivo quando executa um procedimento fazendo uso de menos material.
Veja que, em todos os exemplos, faço uso do conceito de produtividade como a relação entre valor produzido e valor (recursos) consumido. Portanto, ser mais produtivo não é produzir mais, simplesmente. Se o médico atende mais pacientes, mas em maior tempo, não terá sido, necessariamente, mais produtivo. Ser mais produtivo significa fazer mais, com os mesmos (ou menos) recursos.
Se alguém produziu mais, consumindo mais, não foi mais produtivo. Apenas produziu mais.
Assim, se você fizer o dobro de café, consumindo o dobro de pó, água e energia, você não será mais produtivo, você apenas terá produzido mais.
A Psicóloga Produtiva
Acompanhei o caso de uma psicóloga, num hospital sem fins lucrativos, que passou a fazer atendimento de pacientes em grupos.
Para aumentar a produtividade, a psicóloga passou a fazer atendimento em grupo, mantendo o padrão de qualidade, e atendendo mais pessoas do que atendia anteriormente.
E porque ela passou a fazer isso?
Por que havia uma necessidade. O hospital de câncer, entidade filantrópica, com o aumento no volume de pacientes, interessado em estender a consulta da psicóloga a todos os pacientes, mas diante da impossibilidade de contratar mais profissionais, solicitou à psicóloga que propusesse uma solução a esse “problema”.
A psicóloga, com competência, criatividade, inciativa e ética, desenvolveu uma técnica de consulta coletiva, que proporcionou o aumento da produtividade – mais pacientes atendidos por consulta – servindo mais pessoas. E, nos casos em que isso fosse inviável, encaminharia para consulta individualizada. Assim, aumentou a produtividade, sem comprometer a qualidade.
Essa é a típica situação em que a Empresa conquistou o Profissional com Emprego, e o Profissional conquistou a empresa ( Organização) com Produtividade.
Portanto …
- Sem Emprego, não há Produtividade
- Sem Produtividade não há Emprego
- Há que haver conquista mútua, para alcançar resultados mútuos
Empregabilidade e Felicidade
Onde a Felicidade se encontra com o Emprego, então? Ora, você já viu alguém feliz por estar desempregado? Claro que o Emprego torna as pessoas mais felizes, ou pelo menos contribui para sua felicidade.
Se eu enxergo o trabalho apenas como meio de sustento, o Emprego, onde emprego o meu trabalho, como Empregado de um Empresa ou Organização, me faz feliz, pois com o dinheiro recebido satisfaço necessidades e desejos meus e de minha família.
Se eu enxergo o trabalho como meio de servir e ser útil a pessoas, o Emprego, onde emprego o meu trabalho, como Empregado de um Empresa ou Organização, me torna Servidor, e, por servir aos outros, acabo sendo servido, beneficiado e recompensado, aliando reconhecimento e satisfação à sustentabilidade minha e de minha família. Assim alcanço minha Felicidade.
Se eu enxergo o meu trabalho como algo prazeroso, o Emprego, onde emprego o meu trabalho, como Empregado de um Empresa ou Organização, isso me torna duplamente feliz, pois trabalhando de modo feliz, produzo mais, e faço a felicidade dos outros.
Nunca é demais relembrar a conhecida frase do filósofo alemão Max Weber “O trabalho dignifica o homem“, para associar o sentimento de Felicidade à dignidade – dignidade de ser e de fazer!
Juntando Produtividade, Empregabilidade e Felicidade
Então, como podemos juntar Produtividade, Emprego e Felicidade?
Sem Emprego, não há Produtividade. Sem Produtividade não há Emprego. E Gestão é a solução. Cada um fazendo gestão de seu próprio trabalho, facilitando a Gestão da Organização.
Empregabilidade e Produtividade só combinam se acompanhadas de Felicidade. Com Felicidade você gera Produtividade, e com Produtividade você vai gerar Felicidade.
Desejo a você, leitor, que você seja muito Feliz, conciliando Emprego e Produtividade!
E que você possa ter muito Sucesso, pessoal e profissional, afinal de contas, Sucesso pode ser a reunião de Emprego, Produtividade e Felicidade. Assim, convido-o a conhecer mais sobre o assunto, acessando os artigos Sucesso, Método e Poder e Como alcançar sucesso de um jeito simples.
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Este artigo mostra a sensibilidade do autor em escrever algo que nos fazer refletir sobre o motivo pelo qual estamos aqui. A” nossa missão de vida”! É ela que dá sentido à nossa vida.
Parabéns pelo artigo Dr Kleber! Simplesmente perfeito! Compartilhado e aplaudido.
Abraços
Obrigado, Elijara. Seu feedback muito me motiva…
O Dr. Kleber conseguiu vincular, com muita sabedoria e simplicidade, a Empregabilidade, Produtividade e a Felicidade.
De forma lógica e muito coerente o artigo dará um grande upgrade na visão de todos e fará as pessoas serem mais produtivos e mais felizes.
Um artigo fantástico!! Extraordinário!
Meus parabéns Dr. Kleber.
Gratíssimo, Arnaud. Sua contribuição foi decisiva para esse artigo!!!