O Advogado Gestor
Já não é de hoje que se fala na necessidade de profissionais liberais aprenderem a administrar. Afinal, com exceção de administradores, todos os demais profissionais costumam ter pouca ou nenhuma formação sobre a gestão de suas carreiras, bem como de organizações e empresas onde trabalham.
Com os advogados a coisa não é diferente. Afinal. Você advogado pode refletir sobre quanto você teve de estudar sobre gestão em sua formação jurídica.
O advogado costuma ser formado para ser um operador do direito, acessando e conhecendo conceitos e técnicos para a condição de processos jurídicos, nas diversas áreas do Direito.
Por vezes profissionais acabam tendo um bom desempenho individual, e mais cedo ou mais tarde acabam se associando a outros profissionais para montar uma sociedade, banca, escritório ou qualquer outro nome utilizado para denominar essa organização profissional.
Conhecer as dificuldades de sua atividade, ou sua empresa, saber como anda a evolução dos negócios, sua penetração de mercado, seu desempenho frente às necessidades de mercado, frente aos concorrentes, identificar a opinião de seus clientes sobre os seus serviços são alguns dos desafios que se apresentam aos advogados, hoje e amanhã.
Por isso, levantamos algumas questões para reflexão sobre sua atuação como advogado gestor:
- Durante sua formação jurídica, o que você aprendeu sobre gestão?
- Que conhecimentos mínimos serão necessários para administrar um escritório de advocacia?
- Qual o impacto do planejamento estratégico no desempenho de um escritório de advocacia?
- Como você imagina que estará funcionando seu escritório dentro de 15 ou 20 anos?
Enfim, colocamos a questão:
Como um Advogado pode planejar o seu futuro profissional?
Advogado tem “negócio”?
Essa é uma das questões mais óbvias e ao mesmo tempo mais carregadas de preconceito.
Seja por alguns acharem que sua profissão não pode ser tratada como negócio, seja porque alguns conselhos profissionais proíbem seus afiliados de assumirem uma postura de oferecer seus serviços, como se vender fosse algo diabólico ou antiético, muitos profissionais resistem a tratar seu trabalho como negócio.
Ora, à exceção de atividades voluntárias ou filantrópicas, somos todos remunerado pelo nosso trabalho, direta ou indiretamente, não é mesmo?
Gosto do entendimento de que “negócio é negar o ócio”. Isso permite tratar a profissão como algo profissional.
Sobretudo se entendermos que o trabalho de qualquer profissional, em qualquer r área de atuação. se contrapõe ao ócio. Trabalhar é negar o ócio!
Trabalhar é negar o ócio. Negócio é negar o ócio. Portanto, quem trabalha faz negócio.
E qual é o negócio do advogado?
Historicamente a atuação de um advogado passou pelas denominações Advogado, Banca de advocacia, Escritórios de advocacia e Sociedade de advogados.
A Lei no 13.247 (12/2/2016) estabeleceu no Brasil a denominação “empresas prestadoras de serviços jurídicos” como uma evolução da forma de denominar o “escritório de advocacia”. Em verdade a evolução se deu na seguinte sequência: advogado → banca de advocacia → escritório de advocacia → sociedade de advocacia → empresa prestadora de serviços jurídicos.
Qual a importância dessa denominação?
Podemos relacionar pelo menos três aspectos importantes nessa denominação:
- A utilização do termo “Empresa” caracteriza definitivamente a atividade do advogado como uma atividade empresarial, ou seja, fazer negócio.
- O termo “prestadora de serviços” caracteriza o papel do advogado como alguém que deve se colocar a serviço de outrem. Isso traz embutida a necessidade de entender-se como alguém que deve servir aos outros. Nesse sentido, servir não deve ser entendido com conotação de subserviência, servilismo ou servidão, mas como um profissional que, ao executar seu trabalho, estará servindo pessoas e organizações.
- Para uma boa prestação de serviços, há que se fazer uso de gestão de serviços, em sua plenitude, iniciando-se pela definição de uma estratégia de serviço, que estabeleça o verdadeiro valor de um serviço como algo muito mais que a execução de uma atividade. Em seguida, a estruturação de uma oferta de serviços compatível com a estratégia concebida, de modo a permitir o planejamento e gerenciamento de processos que possam compatibilizar custos, qualidade e preço.
Porque o Advogado precisa fazer Planejamento Estratégico?
Dado que atua, preponderantemente num mercado de livre concorrência, à exceção dos advogados servidores públicos, os profissionais do direito necessitam fazer uso de técnicas de gestão para lidarem com os constantes desafios no exercício da profissão.
No artigo “O Advogado Estrategista” apresentei algumas estatísticas sobre a importância do pensamento estratégico para Advogados. Ali foi possível verificar que, ao ser perguntado sobre os principais problemas de um escritório de advocacia, as respostas são em sua maioria, assuntos operacionais. Por isso, o pensamento estratégico precisa ser estimulado. No mesmo artigo relacionei os 14 passos para fazer definir uma estratégia num escritório de advocacia.
Além desses aspectos, advogados devem considerar fortemente a possibilidade de pensarem e planejarem a estratégia de seus negócios em função de uma necessidade de gestão mais profissionalizada, da própria profissionalização dos advogados, da “profissionalização dos clientes”, da profissionalização dos concorrentes (em termos de escritórios ou sociedades de advogados), da profissionalização da justiça, da necessidade crescente de qualidade, produtividade e agilidade.
Em pesquisas que realizamos mostram alguns resultados interessantes sobre Gestão e Planejamento Estratégico.
- 57% das sociedades de advogados se autodenominam “ escritório de advocacia”
- Escritórios com mais tempo de funcionamento tendem a fazer uso do PE
- Escritórios com advogados mais jovens tendem a fazer mais uso do PE
- 60% dos que fazem PE atualizam seus planos semestralmente ou anualmente
“Advogados mais jovens tendem a fazer mais uso de Planejamento Estratégico em suas organizações”
Esses resultados levam à necessidade de prática de planejamento estratégico como algo crescente e promissor no exercício da profissão de advogados.
Mas vem uma questão:
Como alguém que não tem formação em gestão pode fazer planejamento estratégico?
Apresentamos, a seguir, um roteiro simplificado para o Advogado fazer Planejamento Estratégico, seja em sua sociedade individual, seja numa sociedade com outros advogados.
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O que fazer para ter um futuro mais tranquilo e bem sucedido
Em tempos turbulentos como os que vivemos já algum tempo, e tudo indica vamos continuar vivendo, o título desta seção do artigo poderia (ou deveria) ser “o que fazer para ter um futuro menos intranquilo e mais bem sucedido.
Qualquer que seja a perspectiva de “mais tranquilo” ou “menos intranquilo”, o Planejamento Estratégico contempla abordar uma série de questões e formulações que podem ajudar e organizações a pensarem sobre e definirem ações para o enfrentamento de dificuldades internas e externas relacionadas ao alcance de maiores e melhores resultados.
Para isto, apresento as cinco etapas para elaboração de Planejamento Estratégico em Escritórios de Advocacia, extraído do livro PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA” (veja no final deste artigo).
A primeira etapa é o DIAGNÓSTICO, que consiste em fazer a identificação daquilo que a organização tem de melhor, e as necessidades de melhorias. A isso se chama de pontos fortes e pontos fracos. Por outro lado, uma visão externa, sobre mercado, clientes, concorrentes, tecnologia, entre outros fatores, poderá indicar oportunidades e ameaças para o futuro dos negócios. Nesta etapa, a definição da Identidade Organizacional (Missão, Visão de Futuro, Valores, Competências Essenciais) é útil para alavancar o engajamento da equipe.
A segunda etapa é a CRIAÇÃO , que consiste em analisar as interfaces entre pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças. O cruzamento desses fatores internos e externos permitirá identificar as estratégias necessárias para o alcance dos objetivos, que deverão ser utilizados para definir metas. Para uma melhor compreensão sobre objetivos e metas, recomendo a leitura do artigo A diferença entre objetivos e metas.
A terceira etapa é a IMPLEMENTAÇÃO, que se inicia com a elaboração de Planos de Ação, a serem compartilhados com a equipe de trabalho. Nesse sentido, cabe uma reflexão continuada sobre o papel de cada profissional, e o arranjo organizacional de cada um em relação à estratégia para o futuro da organização. Os planos de ação devem ser integrados ao orçamento organizacional, e às metas financeiras.
Para a quarta etapa, o ACOMPANHAMENTO, deve ser definido um cronograma de reuniões, para avaliar o andamento do que foi planejado. Cumprir o cronograma de reuniões, a despeito de tocar o dia a dia dos processos e causas, é uma das etapas mais difíceis e importantes de se executar. É importante entender que o dia a dia tende a assumir importância maior que a estratégia. E de fato é, para as questões de curto prazo. Por isso há que se entender, e fazer lembrar sempre, que assuntos estratégicos não resolvem os problemas do cotidiano, mas do futuro dos negócios e das pessoas envolvidas.
Por fim, a quinta e última etapa, ATUALIZAÇÃO, consiste em, d tempos em tempos, dar uma o,nada para a estratégia, o Planejamento Estratégico, avaliar e reavaliar se as ações estão levando aos rumos desejados.
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Um convite
Para você aprofundar este assunto, conheça o livro PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA
Aproveito esta oportunidade para convidá-lo a comparecer ao lançamento do livro PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA, que ocorrerá no dia 17/8/2018, na sede da OAB-RN.