LIDANDO COM O DESCONFORTO NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Quem se preocupa com desconforto no planejamento estratégico?

Planejar não é para qualquer um!

Isso mesmo, muitos gestores não gostam, não querem, ou não sabem planejar, e ficam alegando motivos para não planejar. Dizem que planejar …

  • … é perda de tempo;
  • … é enfadonho;
  • … é coisa de teórico;
  • … é inútil, pois as coisas mudam muito rápido, e o plano se perde;
  • … é sonhar enquanto as coisas acontecem.

Enquanto isso, outros gestores planejam suas estratégias e ações, executam seus planos, com ou sem ajustes, e alcançam resultados superiores.

Mas mesmo estes, que têm o hábito de planejar, “reclamam” de alguns desconfortos no hábito de planejar o que vão fazer em suas organizações.

Desconforto em planejar existe, sempre existiu, e sempre existirá, seja pelo tempo investido, pela dificuldade natural de não se ter bola de cristal para prever o futuro, pela “frustração” de ter que alterar o plano por conta de mudanças que acontecem depois, ou seja também pela necessidade de ajustar algo que você havia pensado, mas que não era bem assim.

Nesta série de artigos sobre planejamento estratégico, trago o assunto “desconforto” relacionado ao tema estratégia, no intuito de trazer uma contribuição, para que gestores reconheçam e possam lidar com o desafio de identificar o desconforto, reconhecer, e lidar.

Por isso, pergunto:

Como lidar com o desconforto no planejamento estratégico?

Neste artigo comento relaciono os principais e mais frequentes desconfortos em fazer planejamento estratégico, e relaciono sugestões de como lidar com o assunto.

Por que falar de desconforto em gestão?

No artigo  O DESCONFORTO NECESSÁRIO A UMA BOA  GESTÃO apresentei e detalhei as SEIS RAZÕES PARA FALAR DE DESCONFORTO EM GESTÃO. Aqui apenas reproduzo os motivos.

Relaciono a seguir algumas verdades sobre o desconforto em nossa vida.

  1. O desconforto existe; 
  2. Desconforto é algo comum;
  3. Desconforto é útil;
  4. Desconforto é temporário;
  5. O desconforto precisa ser identificado e reconhecido;
  6. O desconforto precisa ser enfrentado e superado.

Vejamos a seguir como o desconforto se manifesta durante o planejamento estratégico.

16 tipos de desconforto em fazer planejamento estratégico

A seguir apresento alguns desconfortos frequentemente presentes no planejamento estratégico.

  1. Desconforto em decidir fazer o Planejamento Estratégico. Este é o primeiro, o mais frequente, e mais importante desconforto a ser enfrentado. A decisão de fazer planejamento, e o momento para iniciar são dois dos aspectos mais importantes para remover o desconforto de iniciar. Sabe aquele tipo de gestor que fica falando dos problemas que tem, comentando as necessidades, e sempre dizendo que “quando formos fazer o planejamento estratégico, vamos resolver esse tipo de situação”. E esse momento nunca chega. É a chamada procrastinação estratégica;
  2. Desconforto em decidir se faz com a equipe interna ou se conta com ajuda externa. A procrastinação estratégica pode ser encerrada quando existe a decisão de fazer, e logo em seguida o planejamento estratégico iniciado. Porém, essa procrastinação se faz presente novamente pela indefinição de como será feito e com quem. Para cada tipo de empresa, e contexto vivenciado pela empresa, existirá uma metodologia e a necessidade ou não de contar com apoio externo, como especialistas e consultores. Sempre digo que, o feito é melhor do que o perfeito. O mais importante é que se faça;
  3. Desconforto em identificar pontos fracos. Uma das etapas mais presentes no planejamento estratégico é a chamada análise do ambiente, na qual se utiliza a matriz SWOT ( pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças). Identificar os pontos fortes, ou as qualidades positivas da organização, é sempre algo confortável, e até prazeroso de fazer. O desconforto vem quando vamos identificar os pontos fracos, porque tratam de fatores negativos, que nem sempre é confortável de falar, menos ainda de reconhecer;
  4. Desconforto em identificar ameaças. Analogamente aos pontos fracos, identificar ameaças é desconfortável, por trazer aspectos negativos, neste caso, do ambiente externo. 
  5. Desconforto em identificar oportunidades. Parece estranho, afinal de contas, oportunidades são coisas boas. De onde vem o desconforto, então? De não ter costume de olhar para fora da empresa. Gestores que conhecem apenas sua empresa, mas desconhecem o setor (ou segmento) de atuação tem grande dificuldade em identificar oportunidades a serem exploradas;
  6. Desconforto em identificar mais pontos internos que externos. Isso mesmo! Com frequência a quantidade de fatores internos (pontos fortes, pontos fracos, é maior, as vezes substancialmente maior, do que a quantidade de fatores externos oportunidades, ameaças. O que isto mostra? Que os gestores envolvidos no planejamento estratégico conhecem muito de sua empresa, mas pouco do segmento de atuação. Isso com certeza se reverterá num plano estratégico empobrecido;
  7. Desconforto em fazer uma síntese do diagnóstico estratégico. A ideia de fazer uma síntese do diagnóstico estratégico é para simplificar uma visão sobre o momento estratégico vivenciado pela organização. Simplificar não no sentido de torná-lo mais simples e menos complexo, mas de entender de forma bem objetiva o contexto vivenciado. Imagine-se fazendo um parágrafo de quatro ou cinco linhas no máximo em que você precisar fazer uma síntese do momento estratégico vivenciado por sua empresa. Fazer isso, para alguns, pode ser momento de muito desconforto, mas algo de grande utilidade. 
  8. Desconforto em atualizar a identidade organizacional. A identidade organizacional é composta por missão, visão de futuro, valores, e possivelmente, o propósito organizacional. Você não precisa, necessariamente, atualizar esses elementos, porém, com frequência, deixamos a missão, visão de futuro, ou valores, de escanteio e não costumamos fazer uma atualização destes. Este pode ser um momento excelente para atualizar sua identidade. Alguns evitam discutir a necessidade de atualizar a identidade, principalmente quando não fazem uso desses elementos junto ao seu pessoal. Missão, propósito e valores são importantes instrumentos de trabalho para uso diário com seu pessoal;
  9. Desconforto em priorizar o que realmente importa. Muitas vezes são levantados fatores internos e externos que impactam o negócio, porém, o planejamento estratégico, como o próprio termo “estratégico ” sugere, requer pensar no que é mais importante, impactante, e relevante para o sucesso dos negócios. É mais confortável, divertido, e agradável ficar falando de coisas boas, assuntos agradáveis e mesmo divertidos, do que problemas e decisões que realmente precisam ser enfrentados;
  10. Desconforto em selecionar objetivos. Identificar objetivos, por si só, é uma tarefa árdua. Por menos complexo que seja a definição de objetivos, muitas pessoas têm dificuldade de fazê-lo. Assim, selecionar aqueles que são mais impactantes será mais difícil ainda.
  11. Desconforto em priorizar iniciativas e projetos. Pode parecer óbvio, mas costumamos ver que os gestores fazem listas de iniciativas/projetos, que chegam a 20, ou mais, mas não estabelecem critérios de prioridade entre essas prioridades. Aqui reside um dos fatores críticos para o sucesso de um plano estratégico: priorizar as iniciativas que vão mudar os rumos de seus negócios. Porém, é desconfortável abrir mão de projetos que vêm sendo citados e adiados por longo tempo, ainda que estes não estejam sendo executados;
  12. Desconforto em definir um  sistema de acompanhamento. Aqui reside, juntamente com as prioridades de iniciativas, um outro fator crítico de sucesso do planejamento estratégico: seu efetivo acompanhamento. Fazer acompanhamento sistemático é crucial, mas é desconfortável prestar conta dos projetos e iniciativas em andamento;
  13. Desconforto em acompanhar o plano. Quantos e quantos planos são feitos com muito rigor, esmero, cuidado, detalhados, porém são engavetados, literalmente. O acompanhamento sistemático e disciplinado permitirá identificar necessidades de ajustes ou correção de rota. Porém, é mais cômodo dizer que as mudanças tiveram que ser feitas em função de condicionantes externas, e deixar o acompanhamento do plano de lado. Criar é sempre mais envolvente e agradável. Acompanhar, controlar é sempre mais chato e complicado, porém, absolutamente imprescindível;
  14. Desconforto em abrir mão de desejos. Gestores apegados a desejos, isso existe? Sim, existe. Por mais que as análises sejam feitas com base em critérios objetivos, análise de indicadores, fatos e dados, sempre existe espaço para a inserção de vontades e desejos por parte de alguns gestores. Continuar um produto cujas vendas vêm caindo, atender alguns clientes que trazem rentabilidade baixa, manter determinadas pessoas na empresa, ainda que seu desempenho seja baixo, e até mesmo manter alguns negócios deficitários, estão presentes em algumas empresas e organizações. Uma boa estratégia exige que se abra mão de desejos em função de decisões racionais e assertivas, por  mais desconfortável que seja;
  15. Desconforto em não fazer tudo que foi planejado. Ao contrário do que você pode estar pensando, boa execução não é executar 100% do que foi bem planejado! Boa execução corresponde a ID4A: Implantar de forma Disciplinada, Acompanhando, Avaliando, Ajustando e Atualizando. Por mais desconfortável que seja, não seguir o plano 100% conforme planejado, é algo a ser alcançado;
  16. Desconforto em mudar o plano. Todo plano estará sujeito a mudanças. Nenhum plano é suficientemente bom que não precise ser modificado ou atualizado. Qualquer plano tem grande chance de se tornar desatualizado, ainda que parcialmente, cerca de 30 dias após sua elaboração. Ninguém gosta de ficar mudando um plano, e não é confortável, mas será necessário, sempre.

Lidando com o desconforto em Planejamento Estratégico

Agora que você conhece alguns dos principais e mais frequentes desconfortos ao lidar com Planejamento Estratégico, apresento um roteiro de sugestões para lidar com a situação. 

  1. Esteja preparado para encontrar situações de desconforto. Este é o primeiro, o mais frequente, e mais importante desconforto a ser enfrentado. Como dissemos anteriormente, desconforto em planejamento estratégico é algo muito provável de acontecer. Podemos afirmar que vai acontecer com você, em algum momento. Esteja preparado para quando isso acontecer. Não se surpreenda quando acontecer;
  2. Identifique o tipo de desconforto presente. Procure entender a natureza do desconforto, se tem a ver com planejamento, com a gestão, com estratégias, metodologias, comportamento de pessoas, cultura organizacional, tecnologia, produtos e serviços;
  3. Entenda os motivos que estão provocando o desconforto. Uma vez entendida a natureza do desconforto, identifique que motivos estão provocando esse desconforto. Identifique se foi algo planejado, intencional, ou se foi casual, ou provocado por fatores externos. Descobrir que foi provocado externamente, é importante, para não levar você a desgastes no relacionamento interno;
  4. Defina a causa raiz dentre os motivos identificados. Dentre os motivos de desconforto, haverá um ou dois, que são determinantes para essa situação. Entenda os como a causa raiz do desconforto;
  5. Procure estimar a duração desta situação. Uma vez entendida a natureza e a causa raiz do desconforto, procure estimar se a duração será curta, média ou longa. Isso é muito importante para você saber quanto você precisará ter equilíbrio emocional para conviver com a situação;
  6. Identifique o que você precisa fazer para remover a causa. A partir da causa raiz, identifique ações que precisarão ser implementadas para remover a causa raiz do desconforto;
  7. Execute a ação identificada, minimizando ou eliminando o desconforto. Uma vez executada a ação removedora da causa-raiz, o desconforto cessará, ou diminuirá bastante, ficando apenas na lembrança;
  8. Aguarde o próximo momento ou período de desconforto. Isso mesmo! Você não estará livre de desconforto na gestão. Poderá ser algo que acontece de imediato, ou que venha surgindo devagar Zinho. Algum desconforto você encontra lá hoje, amanhã ou depois.

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Nota: Todas as imagens utilizadas neste artigo foram obtidas junto ao Site Pixabay.