Para quem escrevo
Abro espaço na minha trilha de artigos sobre gestão, qualidade, estratégia e serviços, para trazer uma reflexão sobre governantes, representantes públicos e eleições.
Mas não tratarei de política partidária. Esse não é tema deste blog.
O que trago aqui é uma reflexão para todos nós, eleitores, às vésperas de mais uma eleição.
Pegando o gancho em conceitos e princípios da gestão de serviços, no conceito de servir, e trazendo um pouco do tempero de estratégia, gestão e qualidade, coloco as seguintes reflexões:
- Empresas costumam existir para servir a seus clientes. Aquelas que mais se aproximam disso costumam ser percebidas como empresas com foco no cliente, alcançando assim bons resultados. Analogamente, a quem servem as organizações públicas?
- Nossos gestores – governantes ou políticos, costumam conduzir o destinos das organizações que comandam, no sentido de servir ao povo?
- Nossos gestores – governantes ou políticos, tem seus interesses mais voltados a servir ao povo ou a se servirem deste, pela captura dos votos em eleições, e daí em diante, agem tão somente visando seus próprios interesses pessoais?
Em suma,
Como encontrar gestores públicos e políticos que se coloquem a serviço do eleitor?
A serviço de vossa excelência
Você já prestou atenção em como os políticos se denominam “vossa excelência”, deixando a um plano inferior aqueles que os procuram, que deles dependem, entre esses o cidadão e eleitor?
Gestores públicos e políticos bem que poderiam aprender com a iniciativa privada o respeito a seus clientes e patrões, proporcionando assim, serviços de muito melhor qualidade, geridos com responsabilidade.
Na iniciativa privada não se faz necessário Lei de Responsabilidade Fiscal, pois se a empresa não conseguir receita suficiente para cobrir suas despesas, sua existência estará automaticamente comprometida. Daí pergunto:
Existe Lei de Responsabilidade Fiscal melhor que a Demonstração de Resultados?
Existe necessidade de Lei de Responsabilidade Fiscal que supere a eficácia da Satisfação de clientes como medidor de desempenho de uma empresa?
Estes dois aspectos – respeito e responsabilidade – seriam suficientes para fazer políticos e gestores públicos acordarem, e tratarem seus “clientes” e “patrões” com mais respeito e eficácia.
Por outro lado, enquanto algumas empresas antiquadas pensam que existem para servir a seus proprietários e gestores, outras mais conscientes descobriram que existem para servir a seus clientes. E alcançam resultados bem superiores àquelas.
Exemplo disto me foi relatado certa vez: consta que um grande empresário brasileiro, José Alencar, costumava afirmar que vivia para servir à sua empresa, e a empresa servia a seus clientes.
Isto fazia com que ele priorizasse a compra de um veículo necessário à empresa e, se pudesse, compraria um para si. O que vemos por aí, em algumas empresas, é que proprietários e gestores abastecem-se de carros, combustível, motorista, tudo por conta da empresa, para atender suas necessidades pessoais, particulares.
Trago o exemplo acima por que considero um caso interessante de alguém que viveu os dois mundos: privado e público. José Alencar veio, mais tarde, a se tornar vice-presidente do Brasil, entre 2003 e 2010.
E provoco então que nossos políticos e gestores públicos adotem postura similar, aprendendo com conceitos, princípios e práticas para sua conduta.
Se a empresa tem cliente e patrão, no serviço público, o cidadão exerce os dois papéis. Cliente por que é beneficiado diretamente pela qualidade (ou não) dos serviços públicos. E patrão, por que tem o poder de demitir o mau gestor ou mau político.
Assim, se alguém merece ser tratado como VOSSA EXCELÊNCIA, é o eleitor – cliente a patrão – de políticos e gestores públicos.
Se os parlamentares e gestores públicos tivessem mais preocupação em servir a seu país e seu povo, tratariam o cidadão – eleitor e cliente – por VOSSA EXCELÊNCIA!
Sobre qualidade
Uma empresa que se coloca a serviço de clientes e consumidores, obrigatoriamente, produzirá produtos e serviços de qualidade, já que qualidade tem a ver com atender necessidades e expectativas de clientes.
Por consequência, organizações públicas devem prestar serviços de qualidade à comunidade, afinal de contas, o papel de qualquer instituição ou servidor público é servir ao público, não é mesmo?
A função do servidor público é servir ao público!
Ora, se a função de servidor público, as organizações públicas deveriam ser conduzidas apuradas nesse princípio.
E aqueles que as dirigem deveriam pautar suas intenções e ações com essa premissa.
Dessa forma, a qualidade ocorre naturalmente, continuamente, planejadas e sistemicamente.
Assim, alguém que se propõe a nos representar deve ter em sua atuação, qualidade no que fala e coerência em como age. A qualidade no que fala e defende pode ser chamada de qualidade de projeto. A qualidade no que age pode ser a nossa conhecida conformidade do que produz em relação ao que projetou.
Se a opção que você está considerando é alguém que já exerceu um mandato, procure avaliar a qualidade de suas propostas, projetos e a coerência disto com obras que porventura tenha sido responsável.
Nesse sentido a conformidade entre promessas realizadas e cumpridas é um elemento de fundamental importância.
Sobre gestão
Embora gestão seja algo mais fácil de avaliar quando se trata de cargos do executivo, podemos considerar também a gestão em funções de legislativo.
Baseado no conceito de que gestão é, essencialmente, a capacidade de alcançar resultados, a avaliação de um gestor ou político pode ser feita através de seus resultados, e sua coerência com o que foi planejado.
Gestão é essencialmente a capacidade de alcançar resultados!
Assim, para as funções do executivo, um bom gestor público deve ser capaz de planejar e executar seus projetos e obras de forma planejada sobretudo em termos de cumprir promessas realizadas dentro de oramos e orçamentos estabelecidos.
Também para funções do executivo, a gestão orçamentária representa um dos itens mais importantes na avaliação de desempenho de um gestor. Embora a lei de responsabilidade fiscal seja um instrumento de grande auxílio no cumprimento dos limites legais, ela não é suficiente no sentido de avaliar quão bem a gestão de receitas e despesas terá sido conduzida.
Em termos legislativos, avaliação da gestão de um político pode ser feita pela consulta a indicadores de produção (participação e presença parlamentar, projetos e emendas submetidos x aprovados x executados, produtividade parlamentar).
Sobre estratégia
Costumo ressaltar uma forma simples de entender um conceito:
Objetivo está para O QUE assim como Estratégia está para o COMO
Estratégia diz respeito, essencialmente, a meios, caminhos, métodos, utilizados para alcançar objetivos.
Assim, se o gestor ou político alcançou resultados – afinal essa deve ser a primeira avaliação, cabe analisar as estratégias utilizadas para tais resultados.
Desse modo, saber os projetos encaminhados, as articulações que ele fez, os acordos que fez e com quem fez podem indicar as estratégias que utilizou para alcançar os resultados.
Muito cuidado com a ideia de que “os fins justificam os meios”. Isso pode ser utilizado para justificar estratégias espúrias, desonestas ou sem ética!
E por falar em ética, vamos ao nosso próximo assunto:valores.
Sobre valores
Exatamente pelas questões éticas, conhecer os valores (crenças e princípios) que o candidato defende, aquilo em que ele acredita, é um importante fator para avaliar a qualidade de um gestor público ou político.
Costumo dizer que os valores determinam o sucesso, ou não, de um relacionamento.
Isso vale para qualquer tipo de relacionamento: pessoal, amizade, conjugal, comercial, sociedade, nos estudos.
Os valores representam aquilo em que acreditamos, e que, por consequência, direcionam o que fazemos.
Quando agimos de determinada forma, é por que acreditamos que aquela forma condiz com nossos valores.
Por isso, quando discordamos de alguém, na raiz dessa discordância pode existir diferenças de valores.
Por isso, é importante ter representantes que acreditem em princípios nos quais você acredita!
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O que fazer antes de votar
Apresento então, alguns cuidados que você pode ter ao escolher seus candidatos.
Não pretendo trazer aqui algo como Guia do Eleitor, mas ouso, sim, relacionar algumas questões relacionadas a servir, serviços, gestão, qualidade e estratégia, que podem ajudar você a escolher seus representantes.
- Embora eu tenha tratado do assunto por último, creio que o primeiro ponto a nortear nossas escolhas eleitorais seja aquilo em que acreditamos. Ou seja, nossas crenças e valores. Nesse sentido, a escolha de um candidato deve se pautar em identificar aqueles que comungam de nossas crenças. Isto pode ser chamado de ideologia (partidária, se possível, ou pessoal, pelo menos).
- Em conjunto com os valores, cabe avaliar a postura do candidato, no sentido de encontrar a vocação para servir ou apenas uma postura egoísta de ser servido pelo cargo que aspira. Procure candidatos que se colocam, verdadeiramente, a serviço da população, do país, estado, cidade ou região. Mas não se deixe levar apenas pelo discurso. Procure analisar em suas intenções e ações coerência em se colocar numa postura de servir, mais do que ser servido.
- Procure candidatos que falem, defendam e ajam baseado em princípios de qualidade, seja na sua conduta pessoal, seja na sua conduta como político e gestor, por onde quer que tenha passado. Avalie promessas passadas, e o grau de cumprimentos destas.
- Identifique candidatos que conheçam e, de preferência, tenham histórico de boa gestão nos cargos e projetos que empreenderam. Uma boa gestão pode ser avaliada pela existência de planejamento, por um acompanhamento correspondente, e pelo alcance de resultados decorrentes do plano.
- E, caso o candidato tenha alcançado resultados, avalie as estratégias que ele utilizou para tal.
- Feitas as escolhas, retorne ao início, para uma pequena confirmação. Na conduta do candidato, principalmente a passada, e não apenas durante a campanha, quais são as crenças dele, o que ele defende e que combina com aquilo em que você acredita e defende? Ou seja, os valores do candidato combinam com os seus valores?
- De posse das respostas, encaminhe-se à urna!
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Por fim, um convite
Convido você a aprofundar sobre o tema Comportamento Servidor, lendo o artigo Pessoas servidoras: isso existe?.